terça-feira, 5 de outubro de 2010

Centenário da Implantação da República Portuguesa


Comemora-se no próximo dia 5 de Outubro o primeiro centenário da República Portuguesa. A proclamação da República resultou de um golpe de estado, realizado maioritariamente por militantes do Partido Republicano bem como da Maçonaria e Carbonária, em Lisboa, na sequência de vários episódios anteriores sendo o mais importante, dois anos antes, em 1908, o regicídio de D. Carlos.

Numa Europa monárquica, em que apenas a República Francesa e a Confederação Helvética fugiam à regra, a maioria dos portugueses de 1910 não concordava com o rumo que o país levava: a extrema dependência do Reino Unido e a subjugação aos interesses coloniais britânicos (o Ultimatum inglês de 1890 ainda pesava bastante na consciência nacional); a ditadura de João Franco; a grande instabilidade política da monarquia constitucional e, sobretudo, pelo menos para muitos historiadores, a grande despesa que Portugal tinha com a família real, foram factores predominantes, a par com o extremo repúdio pelo poder da Igreja, os principais ingredientes desta revolução.

Não querendo ser exaustivo na análise histórica deste evento, quero apenas salientar a enorme coragem dos homens e mulheres do início do século XX português, em tornar realidade uma das mudanças políticas mais importantes de toda a nossa longa história. A verdade é que os nossos bisavôs e trisavôs se encontravam insatisfeitos com quem os governava, com as incongruências da monarquia, do fraco desempenho de Portugal no plano internacional e, obviamente, com a sua vida pessoal, onde a pobreza e a iliteracia eram uma dura realidade! Assim sendo, a maioria uniu-se em torno dos ideais que acreditava ser a solução para uma mudança radical das “coisas”.

Convém não esquecer a intervenção dos jovens no período final da monarquia, marcada pela questão académica de 1907, numa greve na Universidade de Coimbra não motivada por interesses académicos, mas que tinha subjacente um intuito revolucionário político que se propagou pelas escolas superiores, liceus e escolas normais do país.

Cem anos depois, há que louvar toda esta bravura talvez impossível de comparar com algo que hoje em dia possamos fazer. E a verdade é que muitos de nós, jovens portugueses, se sentem desmotivados com o rumo que o país tem seguido nos últimos anos por motivos que não vale a pena agora enumerar. Desmotivação por não encontrar um trabalho sem ser precário, tristeza por pensar que talvez a emigração seja a única solução, revolta por ver que cada vez mais as medidas políticas actuais nos estão e irão prejudicar no futuro, hipotecando assim sonhos e projectos… Como podemos nós “dar a volta por cima”? A meu ver utilizando a “arma” que nos foi dada em 1910 e, mais tarde, em 1974, e que muito esforço deu aos nossos antecedentes: a participação cívica, o livre arbítrio e sobretudo o voto livre!

Está na hora da juventude nacional debater ideias, arranjar soluções para os problemas locais e nacionais, unir-se em torno de projectos que possam ser úteis a todos nós, dentro das associações de estudantes e organizações locais e obviamente em organizações políticas de juventude, onde a Juventude Social Democrata sempre se realçou.
Fica lançado o desafio! Um óptimo feriado e reflictam porque é que o temos!

Diogo Castela Canilho
Vice-presidente da CPS da JSD Mealhada

Sem comentários: